IDOLATRIA
Só o Senhor Deus de Israel deve ser cultuado. Todo outro culto é proibido e constitui idolatria (Ex 20,3-6; Dt 5,7-10). Israel acreditou na existência de outros deuses (Jz 11,23s) e se deixou seduzir pelo culto a deuses cananeus, assírios e babilônios (Nm 25,3; Jz 2,12; 1Rs 14,22-24; 2Rs 21,2-15). Os deuses e suas imagens (cf. Dt 4,15-24 e nota) são invenção dos homens (Br 6; Rm 1,23) e um grave pecado (Sl 96,5; Sb 13,1-5; Rm 1,23-25; 1Cor 5,10s). Também a cobiça de riquezas é idolatria (Cl 3,5; Ef 5,5). Ver "Culto"e "Prostituição".
IDUMÉIA
Nome greco-romano de Edom. O território, porém, só abrange a parte ocidental do antigo Edom (a oriental pertencia aos nabateus) e o sul da Judéia, até Hebron. Pertencia à tetrarquia de Arquelau e depois foi administrada pelos governadores romanos. Ver mapa do NT.
No AT é proibido fabricar imagens de Deus (Dt 4,9-28; 27,1-5; Ex 20,4). Entretanto, Deus manifesta a sua glória, não através dos bezerros de ouro (Ex 32; 1Rs 12,26-33), nem de outras imagens fabricadas pelos homens, mas através da criação (Os 8,5s; Sb 13; Rm 1,19-23).
IMPOSIÇÃO DAS MÃOS
Na Bíblia, a mão significa poder (Ex 14,31; Sl 19,2; 1Rs 18,46; Ez 3,14; 30,21). O gesto de impor as mãos criava uma relação especial entre o sujeito e o objeto da ação, comunicando-lhe algo da força do agente (Lv 9,22; Lc 24,50). É sinal de consagração (Nm 8,10; Dt 34,9), símbolo de identificação com a vítima do sacrifício (Lv 1,4; 3,2; 4,4). Servia assim para transmitir a culpa (Lv 16,21) ou poderes (Nm 27,18-23); era usado para abençoar (Gn 48,14-20), curar doentes (Mt 9,18; Mc 8,23; Lc 4,40; 13,13), abençoar crianças (Mc 10,16).
Como Jesus, os discípulos também impunham as mãos para curar os doentes (Mc 16,18; At 9,12; 28,8), comunicar o Espírito Santo (At 8,17; 19,6) ou conferir um ministério ou missão (At 6,6; 13,3; 1Tm 4,14; 2Tm 1,6s).
IMPRECAÇÃO (MALDIÇÃO)
Fórmula composta de palavras próprias para amaldiçoar. Os primitivos atribuíam a tais fórmulas um efeito mágico: bastava pronunciá-las para se obter o resultado desejado. Israel também conhece fórmulas de bênção ou maldição, mas o efeito é atribuído ao poder de Deus (Gn 12,3). A maldição uma vez pronunciada deve se cumprir (Js 6,26; 1Rs 16,34; 2Sm 21,3 e nota). Mas Deus pode impedir que uma maldição seja pronunciada e transformá-la em bênção, como no caso de Balaão (Nm 22,12; Dt 23,6).
Em alguns salmos o orante faz imprecações contra os que lhe causam sofrimentos (Sl 109; 129). Tais salmos devem ser entendidos no contexto e mentalidade daquele tempo. Jesus, porém, proíbe amaldiçoar os inimigos ou perseguidores (Lc 9,51-56; 23,34); ao contrário, manda amar os inimigos (Mt 5,44; Rm 12,14) para imitar a perfeição de Deus (Mt 5,45.48).
IMPURO
Ver "Puro-Impuro"e as notas de Lv 11,1-47 e 12,1-8.
INFERNO
O termo latino significa "lugar inferior", "abismo". No AT conhece-se o lugar dos mortos (xeol), uma gruta subterrânea. Para lá vão todos os mortos, bons e maus (Gn 37,25; Dt 32,22; 1Rs 2,6; Jó 10,21s; Sl 9,18; 31,18; Is 38,10.18).
Com o progresso da Revelação foi-se esclarecendo o destino dos bons e dos maus: os justos ressuscitarão para a vida (Dn 12,2; 2Mc 7,9-23; Sb 5,15s; 6,18); os ímpios sofrerão castigo (Is 50,11; 66,24; Sb 4,19) e ressuscitarão para o opróbrio (Dn 12,2; Is 50,11; Jt 16,17).
Na Bíblia aparece também a imagem da Geena, vale de Jerusalém, lugar de culto idolátrico, lixeira da cidade, espécie de boca-do-lixo (Jr 7,30-32; 19,6; Is 30,33; Mc 9,43).
O termo xeol é traduzido na versão grega dos Setenta por Hades (Lc 16,23s; Ap 20,13s).
O Apocalipse fala-nos no "lago de fogo", que é a segunda morte, no qual a morte e o hades serão lançados (20,6.14; 21,8).
A descida de Cristo aos infernos significa a dimensão cósmica do mistério pascal. O mundo era então imaginado como uma casa com três compartimentos: gruta subterrânea - morada dos mortos: rés-do-chão -morada dos homens; primeiro andar -palácio de Deus. Pela sua sepultura, ressurreição e ascensão Cristo penetrou em cada um destes três lugares (1Pd 3,18-20; Ef 4,8-10; At 2,24-31; Rm 10,6s; 1Pd 4,5s). Esta "descida" é sinal do triunfo de Cristo sobre a morte (Ap 1,18; 20,1).
Na mentalidade bíblica, as "águas inferiores" (infernais) combateram contra Deus na criação (Jó 26,5-14; Mt 16,18). Por isso, o cristão, ao ser submergido nas águas batismais, ritualiza a sepultura de Cristo, descendo com ele aos infernos (Rm 6,3s; Cl 2,12). Ver "Geena", "Abismo", "Xeol".
A ira de Deus é descrita no AT como ardor, fogo, tempestade (Sl 2,12; 83,16; Is 13,13; 30,27s; Jr 15,14; 30,23). Fala-se do cálice da ira divina (Is 51,17; Ap 14,10), que Cristo teve de beber.
Paulo vê a imoralidade dos pagãos como um efeito da ira de Deus (Rm 1,24-28); esta desencadeia-se também sobre Israel (Rm 11,25-32); "todos são por natureza filhos da ira" (Ef 2,3; Rm 3,25s).